O cão, descobriu-se, não é só o melhor amigo do homem. No caso do Pastor Maremano Abruzês, rebanhos em geral estão no rol de seus grandes amigos e... protegidos.
Indo mais além, cães desta raça sentem-se responsáveis pelos animais com quem se comprometem a cuidar. Vendo-os ameaçados ou em perigo, são capazes de lutar até a morte – normalmente do intruso – para defendê-los.
A raça, de origem italiana, registra mais de 3.000 anos de existência.
Em geral, raças utilizadas junto ao manejo de animais se dividem em dois grupos: pastores e guardiões. O Maremano se enquadra nos guardiões, uma vez que “adotam” um rebanho, uma pessoa ou família, montando guarda como se cuidassem de seus próprios filhotes.
Em função de seu grande porte e, principalmente, de seu temperamento agitado, o Maremano precisa de grandes espaços, não sendo uma raça indicada para apartamentos.
Muito dóceis e brincalhões, desde muito cedo parecem ter consciência de seu “dom” de guardar.
Desde os tempos mais remotos, em uma das técnicas de adestramento para a guarda de rebanhos, os filhotes eram colocados junto à matrizes que os amamentava juntos com seu filhote. A “técnica”, utilizada até hoje, imprime nos cães a idéia de que são parte daquele grupo, fazendo-os sentir-se um deles. Crescidos, assumem papel de líder, defendendo sua “família” de toda e qualquer possível ameaça – de pessoas, passando por cobras, lobos, onças e até ursos, conforme já comprovado no Canadá!
Até bem pouco tempo o Brasil não tinha criadores de Maremanos.
Criador de ovelhas da raça Santa Inês, Luiz Cezar Fernandes da Fazenda Marambaia (maior rebanho da raça no país), em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro “descobriu” o Pastor Maremano Abruzês quando buscava uma solução para o elevado índice de mortes por ação predatória.
O primeiro passo foi trazer da Itália um casal. A experiência foi tão bem sucedida que de 120 mortes por dia, a incidência baixou para literalmente zero com a presença do Maremano em meio ao rebanho.
Decidido a repartir a feliz experiência diante dos resultados, Luiz Cezar investiu na criação da raça e hoje comercializa filhotes – média de nove - nascidos na Marambaia:
- O Maremano tem como característica essencial o companheirismo. Uma das cadelas, a Greta, criada aqui na Fazenda me elegeu. Enquanto não saio do escritório não sai de perto de mim. Faz dupla jornada: só depois que vou embora ela volta para perto do rebanho, onde passa toda a noite, conta Cezar.
Luiz Cezar não podia ter encontrado solução melhor e mais prazeirosa. Afinal, o cão continua sendo o melhor amigo do homem.